Clássico dos Milhões: a trajetória da rivalidade entre Vasco e Flamengo, do remo ao Maracanã lotado
Rio de Janeiro – Vasco da Gama e Flamengo escrevem, há mais de um século, um capítulo único no esporte brasileiro. O confronto, conhecido como Clássico dos Milhões, foi gestado nos barcos de remo no fim do século XIX, ganhou novos contornos com a chegada do futebol nas décadas seguintes e ultrapassou as fronteiras do esporte ao refletir aspectos sociais, culturais e políticos do País.
Disputa começou na água
Fundado em 1895, o Flamengo entrou primeiro nas regatas da Baía de Guanabara, mas só conquistou o título da modalidade em 1916. O Vasco, criado em 1898, alcançou vitórias expressivas rapidamente e passou a rivalizar com o Rubro-Negro nas provas aquáticas da década de 1910.
Do remo ao gramado
Quando os dois clubes adotaram o futebol, a animosidade migrou para os campos. Na elite carioca de 1923, o Vasco venceu o Flamengo no primeiro grande duelo entre ambos e, na mesma temporada, ergueu seu primeiro Campeonato Carioca.
Contexto social acirrou a disputa
Na Primeira República, o país vivia forte sentimento anti-lusitano. Fundado por portugueses e com elenco formado majoritariamente por negros, operários e trabalhadores pobres, o Vasco passou a sofrer restrições. Após o título de 1923, Flamengo, Botafogo, Fluminense, América e Bangu instituíram a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA), que impôs critérios de escolaridade e profissão a jogadores. Para se manter filiado, o Vasco teria de afastar 12 atletas – sete titulares e cinco reservas. O clube recusou-se e divulgou a “Resposta Histórica”, rompendo com a entidade.
Torcida impulsiona o Clássico dos Milhões
Com o crescimento do futebol, rubro-negros e vascaínos formaram as maiores torcidas do Rio de Janeiro, status que sustenta o apelido do clássico. Entre as décadas de 1970 e 1980, os duelos que opuseram Zico e Roberto Dinamite levaram mais de 100 mil pessoas ao Maracanã em 36 ocasiões – recorde absoluto. O confronto de 4 de abril de 1976, que terminou 1 a 1, registrou o maior público: 174.770 pagantes.
Era Eurico intensifica provocações
Nos anos 1990 e 2000, a figura de Eurico Miranda, então dirigente e depois presidente cruz-maltino, adicionou nova dose de tensão. Declarações como “o Vasco entra para ganhar, especialmente do Flamengo” alimentaram o discurso de rivalidade, enquanto confrontos decisivos e episódios polêmicos mantiveram o clássico no centro das atenções nacionais.
Rivalidade histórica segue viva
Mais de cem anos após as primeiras regatas, Flamengo x Vasco continua a atrair multidões e a representar muito mais que três pontos em qualquer competição. Cada encontro é tratado como disputa de troféu particular por torcedores de ambos os lados, perpetuando a tradição do Clássico dos Milhões.
Com informações de ge.globo.com

Imagem: Internet
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